É NATAL! CANTEMOS O DOM DA NOSSA SALVAÇÃO!

O Tempo do Natal é caracterizado pela alegria do Nascimento do Menino Jesus. É Deus que se faz humano, para realizar seu plano da salvação. Ele nasce para todos os povos, raças e nações, sem distinção nenhuma.


A música tem um papel fundamental nesse tempo litúrgico. O jeito de ministrar e os cantos próprios para a ocasião podem ajudar (e muito) o nosso povo a celebrar o Natal em comunidade, em família e em comunhão com os irmãos.

Voltamos a cantar o “Glória” na celebração da Noite de 24 de dezembro, fazendo-o nos oito dias seguintes, a que chamamos “Oitava do Natal”. É como se, a cada dia dessa oitava, estivéssemos celebrando o “Dia de Natal”. Daí, o caráter festivo desse período. Também cantamos o hino de louvor nos domingos que se seguem.

Durante o Tempo do Natal, que vai até o “Batismo do Senhor” (celebrado no terceiro domingo após o Natal) ocorrem algumas celebrações importantes do calendário litúrgico, tais como “Sagrada Família”, “Santa Maria, Mãe de Deus”, “Epifania do Senhor”.

O que cantar, então?

O músico deve estar atento a cada detalhe da celebração em que ministrará, para que toda a assembleia possa rezar através da música e, mais ainda, compreender que Natal não é tempo de tristeza (como alguns ainda insistem em acreditar) mas sim um tempo de alegria, porque se temos um Deus que se coloca em nossa condição humana para nos conceder a salvação, podemos crer que há esperança. Algumas dicas práticas:

• Volta-se a cantar o “Hino de Louvor”;

• Usar músicas de caráter vibrante, para mostrar toda a alegria desse tempo. Obviamente deve ser respeitado o momento litúrgico. Por exemplo, não se canta o “ato penitencial” com uma melodia agitada, como acontece no “Glória” e no “Santo”;

• Volta-se a usar bateria e percussão. Os ministros devem sempre cuidar para que o som destes instrumentos nunca “abafe” o dos demais, sobretudo o das vozes dos cantores e da assembleia. Há bateristas que utilizam baquetas capazes de suavizar o som; há outros que fixam tecidos na “caixa” e no “surdo”, para que o som não fique muito estridente. São recursos alternativos simples que ajudam a respeitar e harmonizar a liturgia;

• No Natal, é tempo de convidar a assembleia a “soltar a voz”, para cantar glórias pelo Nascimento do Salvador. Portanto, tons mais altos ajudarão bastante, desde que a nota mais aguda de cada música esteja ao alcance especialmente das mulheres e que a mais grave esteja ao alcance dos homens. Também deve ser observado o momento litúrgico. Não se deve dar “maior destaque” para o canto de Apresentação das Oferendas do que para o “Santo”, pois este último tem mais importância na celebração. Logo, bom senso é fundamental;

• Respeitar e valorizar os momentos de silêncio é importante para todos os tempos litúrgicos. Atenção especial para o silêncio na “consagração” e “após a Comunhão” (exceto em missas transmitidas por rádio ou televisão);

• Sempre que possível, cantar o salmo, observando as orientações litúrgicas para bem o fazer;

• Há muitas composições em honra a Nossa Senhora. Na Solenidade de “Santa Maria, Mãe de Deus”, fica bem, como canto de entrada, algum cuja letra retrate sua condição de Mãe de Deus e nossa Mãe, preferencialmente conhecido por todos.

• O canto “Noite Feliz” não pode faltar na celebração da noite de 24 de dezembro. Mais que uma tradição, ele ajuda muito nosso povo a “mergulhar” na espiritualidade do Natal. É apropriado para o momento de “Bênção do Presépio” e toda a comunidade o entoa (a maioria o sabe de cor). O Ministério de Música pode usar de sua criatividade para executar o canto de maneira bonita e suave, sem esquecer que é um momento solene e oracional.

Que o canto possa ajudar nossas assembleias a celebrarem verdadeiramente um “Feliz Natal”!

COMO CANTAR O ADVENTO

O Advento é um tempo marcado por uma certa reserva, no qual nos abstemos de entoar alguns tipos de música que costumeiramente cantamos nos outros tempos da liturgia. Não se canta “glória”, nem se usam instrumentos de percussão, evitam-se vibrações excessivas e expressões corporais de louvor. É tempo de esperança e conversão.

Todavia, de modo algum se confunde com a Quaresma, já que não é um tempo caracterizado essencialmente pela penitência. É, na verdade, um tempo de alegria pela espera para se celebrar a primeira vinda de Jesus (Natal) e pela expectativa de sua segunda vinda gloriosa.

Ora, se não é um tempo essencialmente penitencial, porque tanta temperança no cantar? É porque, ao deixarmos, por quatro semanas, de entoar o “glória”, este terá um sentido ainda mais significativo no tempo do Natal, quando cantaremos “glória a Deus no mais alto dos céus” porque nasceu-nos o Messias Prometido.

Seguem algumas dicas simples que podem nos ajudar a ministrar o canto nesse tempo e auxiliar a compreensão, pela assembléia, do verdadeiro sentido do Advento, em preparação para o Natal:

• Omitir cantos de glória e de louvor;

• Evitar cantos com melodias muito vibrantes ou agitadas, ainda que o momento na liturgia assim o requeira. Reservar essas músicas para outro tempo. Ex.: ao invés de se cantar “Santo, dizem todos os anjos”, cantar “Santo”, do Pe. Cleidimar, ou outro canto;

• Dar uma folga para o baterista ou percussionista. Se no grupo houver esses agentes, eles deverão ir se preparando para atuar, com a devida unção, no tempo do Natal;

• Nos teclados, usar suavemente o piano ou, especialmente nos dois primeiros domingos, um som contínuo, que lembre toque de trombetas (apocalíptico);

• Cantar em tons mais baixos, respeitados, é claro, os limites da tessitura de voz de quem conduz, já que, no Natal é que se deve “soltar a voz”, para cantar glórias pelo Nascimento do Salvador;

• Usar um volume compatível com o ambiente em que se celebra, verificando o número de pessoas presentes e cuidando para que o som dos instrumentos, de maneira nenhuma, sobreponha ao das vozes; isso também deve ser observado pelo sacristão ou quem suas vezes fizer, caso o equipamento de som do grupo estiver ligado ao equipamento geral da Igreja. Essa regra vale para qualquer tempo litúrgico, mas, durante o Advento, o cuidado deve ser redobrado;

• Respeitar e valorizar os momentos de silêncio, pois, na liturgia, estes não são vazios de tempo, mas sim espaços cheios da presença de Deus. Exceção: missas irradiadas, pois a transmissão de radiodifusão não pode conter “brancos”;

• Dar preferência ao Salmo cantado, com melodia adequada, para valorizar a Palavra, já que, especialmente no Advento, as leituras têm o importante papel de ajudar, e muito, na compreensão do sentido desse tempo. Não se deve jamais substituir a poesia do salmo por qualquer outro “Canto de Meditação”. Isso seria retirar da Liturgia da Palavra o valor que possui na celebração;

Assim, a beleza dessa expressão artística tão importante na liturgia, a música, certamente conduzirá cada membro da comunidade a fazer de seu coração um verdadeiro presépio para bem acolher o Menino-Deus.

MAIS QUE MÚSICOS, MINISTROS DE MÚSICA.


Muitas vezes, são os primeiros a chegar para a celebração. Montam e regulam a aparelhagem de som, afinam seus instrumentos, fazem vários testes para checar o volume ideal do microfone, repassam com a equipe de liturgia o que foi preparado etc. No final, não saem sem desmontar, guardar tudo e conferir se não estão esquecendo algo que será precioso para a próxima missa ou ensaio.
Um músico católico, entretanto, não possui apenas estas funções, que já não são poucas. Dias antes, tiveram que conseguir data e horário em que todos do grupo pudessem se reunir para rezar, ver o tema da missa, estudar a Liturgia, escolher o repertório e ensaiar, ensaiar, ensaiar. Às vezes, preparar bem uma só música leva mais de uma hora.
Ser “ministro de música” é assim! A maioria ainda são pais e mães de família, têm suas profissões, fazem faculdade ou outros cursos, mas sempre conseguem tempo para se dedicar ao serviço ministerial. Por quê? Certamente porque acreditam que receberam a “vocação especial de ser artistas” e sabem da importância de seu trabalho na liturgia e na vida de todos que se reúnem para celebrar o nosso Deus.
Isso mesmo. A música fala diretamente ao coração das pessoas! São inúmeros os testemunhos de gente que consegue rezar e glorificar ao Senhor através de um canto ministrado com unção.
Celebrando, no dia 22 de novembro, o Dia do Músico, louve e bendiga ao Senhor pelos músicos de sua comunidade ou paróquia! Ore para que saibam discernir e cumprir a vontade de Deus em seu ministério e, principalmente, para que continuem a ser canal do Amor Verdadeiro na vida de tantos que participam da Santa Missa, da Celebração da Palavra, do Grupo de Oração, dos Encontros...
A todos estes “ministros” e “ministras” que, através do cantar ou da execução de algum instrumento, buscam, incessantemente, fazer com que outros tenham um encontro pessoal com Deus, P A R A B É N S!

CANTAR A ALEGRIA DA PARTILHA!

            A liturgia eucarística de nossas celebrações inicia com o gesto de colocar bens em comum, isto é, preparar e apresentar nossas oferendas ao Senhor. Este rito pode ser acompanhado por um canto próprio, a que denominamos “Canto de Apresentação das Oferendas”.
            Inicialmente, é bom lembrar que a expressão “Canto do Ofertório” não é a forma correta de se referir, pois transmite a ideia de que o mais importante nesse momento é o canto ou, pior ainda, que a nossa oferta seja o canto entoado, o que não é verdade.
            A grande oferta da missa é o próprio Cristo; ao oferecer-se ao Pai, Ele, na unidade do Espírito Santo, oferece também a nós. O que colocamos sobre o altar são nossas ofertas materiais, nossos dons, nosso trabalho, nossa vida. É a nossa participação no milagre que acontece diante de nossos olhos: pão e vinho que se tornam o Corpo e Sangue de Nosso Senhor.
            O canto não precisa falar, necessariamente, sobre pão e vinho, mas pode conter um texto de oferta ou mesmo de louvor, como é costume no Brasil, mas sempre observando o tempo litúrgico. Quanto à melodia, deve ser apta a criar um clima de alegria em partilhar o que se tem.
            Só para exemplificar, cito alguns cantos adequados: “Minha vida tem sentido”, “Oferta de Amor”, “Um coração para amar”, “Eis nossa oferta de pão e vinho”, “Em teu Altar”, “Estar em Tuas Mãos, dentre vários outros.
            Convém ressaltar ainda que, conforme orientam a Introdução do Missal e a CNBB, como se trata de um canto “não obrigatório” na celebração, pode, em algumas ocasiões, ser executado exclusivamente pelo ministério de música ou até mesmo substituído por um solo instrumental. Também orientam que seu término não precisa coincidir com o fim da apresentação das oferendas, por ser um momento de interlúdio entre a Liturgia da Palavra e a Eucarística.
            Entretanto, nossa cultura já se acostumou à execução do canto de apresentação das oferendas e tenho observado que ele cumpre melhor sua função quando termina juntamente com o rito, de modo que nem o sacerdote nem o povo esperem desnecessariamente. O ministro obviamente deverá ter bom senso para concluir o refrão ou a estrofe que está cantando, pois parar a música “de uma hora para outra” chamaria muito mais à atenção e quebraria toda a espiritualidade do momento.
            Encerrando, cumprimento a todos que se doam para, através da música, ajudar as pessoas a encontrar o caminho de Deus e nele permanecer. Que a nossa oblação, no Senhor, frutifique cada vez mais! Feliz Dia do Músico!

Cantos para o Tempo de NATAL - Cifras

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Cantos para o Tempo do ADVENTO - Cifras

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OFICINA DE MÚSICA LITÚRGICA

“ACLAMAI O SENHOR DEUS!”


                        Atualmente, tem sido muito comum entoar os responsórios em nossas liturgias. Isso é excelente, pois os salmos, de fato, devem ser sempre cantados, respeitando-se, é claro, as orientações pertinentes para bem o fazer. O que muitos talvez não saibam é que o responsório não é o canto mais importante na Liturgia da Palavra, mas sim o canto de aclamação ao Evangelho.
                        E por quê? Simplesmente porque no Evangelho é o próprio Jesus quem nos anuncia a boa-nova para nossa vida. É a Palavra da Salvação! Imagine se pudéssemos estar em cada uma dessas passagens que o Evangelho nos descreve, e que tivéssemos a missão de “fazer o acolhimento”, através de uma música, para o seu discurso. Como o faríamos?       Penso que seria um motivo de grande honra e certamente um momento de grande alegria não só para o Ministro de Música, mas também para todo o povo presente.
                        Ora, temos o privilégio de poder fazer isso todos os dias do ano (exceto na sexta-feira santa): sermos “pré-anunciadores” do Cristo, quando cantamos para aclamar ao Evangelho. Por isso, há algumas orientações sobre a melhor maneira de se entoar este canto em nossas celebrações.
                        Segundo a Instrução Geral sobre o Missal Romano, sempre deve conter o “Aleluia” exceto no Tempo Quaresmal. Isso porque essa palavra, que vem do hebraico (Hallelu-Jah), significa “louvai ao Senhor!”, expressão muito adequada para este momento litúrgico. “É cantado por todos, de pé, primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso; o versículo, porém, é cantado pelo grupo de cantores ou cantor”. (IGMR, nº 62)
                        Já a melodia precisa ser alegre e festiva, demonstrando uma verdadeira alegria em saudar o Senhor que nos falará. Para tanto, vale o uso de todos os instrumentos possíveis, inclusive os de percussão, sempre lembrando que é a voz que carrega a mensagem da música e, portanto, é esta que deve sobressair.                                  A CNBB recomenda que se repita o “Aleluia!” após a Proclamação do Evangelho, como já ocorre em alguns lugares. Também é importante lembrar que muitos cantos contêm “Aleluia”, mas nem por isso são adequados a aclamar o Evangelho. O ideal é cantar o refrão do “Aleluia”, um solista entoar a antífona do dia (normalmente um versículo do Evangelho a ser proclamado), seguido novamente do refrão, para encerrar.
                        Finalizando, lembro que há celebrações com caráter mais solene, nas quais se costuma fazer, durante o canto, a procissão do Evangeliário* (normalmente curta, indo da mesa principal até a mesa da Palavra). Para essas ocasiões, fica bem um canto menos “apoteótico” e mais solene, mas sem nunca perder a alegria em acolher o Cristo Jesus que nos fala no Evangelho.


VOCÊ SABIA?
EVANGELIÁRIO é o livro que contém os trechos dos evangelhos para os domingos e festas do Ano Litúrgico. É levado no início da celebração e mantido sobre o altar até o momento de aclamação ao Evangelho, quando é feita uma breve procissão até a Mesa da Palavra.

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE-2013

          Como todos devem ter acompanhado pelos noticiários nos últimos dias, o Brasil sediará a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em julho/2013, no Rio de Janeiro.
          Na tarde do último domingo, 18, realizou-se em São Paulo o evento Bote Fé, onde se reuniram cerca de cem mil pessoas. A multidão pode participar de um grande show de evangelização, com as presenças de vários artistas católicos, enquanto aguardava a chegada da Cruz da JMJ e do ícone de Nossa Senhora, símbolos da JMJ.
        Após a Santa Missa, foi lançado oficialmente o site da JMJ Brasil: http://www.rio2013.com/ .
        E por falar em lançamentos, já está à venda o primeiro dos três CD's especiais da JMJ. Tem como título No peito eu levo uma Cruz, verso marcante da conhecida música de Pe. Zezinho, Nova Geração. A canção também está no repertório do CD, regravada por 80 músicos católicos. O vídeo pode ser acessado em http://www.youtube.com/watch?v=nW1kze3pSts . Vale a pena assistir!

ELE É DIGNO DE TODA A GLÓRIA!

À PALAVRA, SEU DIGNO LUGAR!

Nesse mês dedicado à Palavra de Deus, reflitamos sobre o especial lugar que ela merece ter em nossa vida.

CANTOS PARA CELEBRAÇÕES - Partes Fixas

Atendendo aos pedidos de muitos dos nossos colegas ministros de música, indico alguns cantos novos, que poderão ajudar a renovar o repertório de suas celebrações. Nessa seleção, coloquei apenas cantos para o "Comum" ou  “partes fixas” da missa, ou seja, aqueles momentos que não costumam variar com o “tema do dia”, tais como Ato Penitencial, Hino de Louvor, Santo, Cordeiro de Deus.

ATO PENITENCIAL: ENCONTRO COM O PAI DAS MISERICÓRDIAS!


            Há momentos na celebração em que, quando substituídos por música, não há outra coisa para se fazer, a não ser cantar e tocar. Nesses casos, o canto é, então, o próprio rito celebrado. Exemplo disso é o pedido de perdão no Ato Penitencial.
            A tradicional ladainha do Kyrie Eleison era, na Igreja primitiva, uma oração de louvor ao Cristo ressuscitado feito “Senhor”, a quem se elevava o clamor para que mostrasse sua amorosa bondade. Posteriormente (entre os séculos V e VI), este canto foi incorporado ao rito celebrativo e começou a fazer parte de um momento de reconciliação.
            Hoje, em nossas liturgias, o ato penitencial comunitário se traduz numa sincera atitude interior de toda a assembleia que reconhece, diante de Deus, sua pobreza e fraqueza, e apela para o amor misericordioso do Cristo, seu Senhor.
            Por isso, quando substituído por algum canto, este sempre precisa conter em sua letra, para atender à orientação litúrgica, a expressão “Kyrie Eleison, Christe Eleison, Kyrie Eleison, que quer dizer Senhor, tende piedade; Cristo, tende piedade; Senhor, tende piedade”, a fim de que os fiéis, após um breve momento de silêncio, possam a aclamar o Senhor e implorar sua misericórdia. 
            Além disso, o ministro de música também deve guardar um cuidado todo especial quanto à melodia. Ora, se o momento é de reflexão pessoal, dificilmente alguém conseguirá fazê-lo com uma música agitada, que convide a dançar, pular, gritar. O ideal é uma melodia calma, com poucos instrumentos, preferencialmente teclado e violão. Não convém usar instrumentos de percussão; se o fizer, que seja apenas para suave marcação de ritmo.
            Daí então, podemos afirmar que uma boa parte dos cantos executados em nossas celebrações, embora belíssimos, mostram-se inadequados para o rito penitencial, seja pela letra incompleta, seja pela melodia vibrante. Como exemplo, citamos  “Perdão, Senhor, tantos erros cometi”, “Só Tu tens o poder”, “Conheço um Coração”, “Senhor, tende piedade e perdoai a nossa culpa...”, dentre outros.
            Vale lembrar que alguns deles servem muito mais  à preparação para o exame de consciência, do que ao pedido de perdão propriamente. Entretanto, para que sejam utilizados na celebração, é necessário combinar anteriormente com o sacerdote que preside, a fim de que ele faça, ao final do canto, a invocação “Kyrie Eleison” ou “Senhor, tende piedade”, completando, assim, o pedido de perdão. 
            Que nossa música possa ajudar a fazer do ato penitencial um momento de verdadeiro encontro dos fiéis com o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos liberta de toda culpa e nos restitui a paz!

SALMO RESPONSORIAL: CANTO MEDITATIVO E ORANTE

                       Cantar o salmo responsorial tem-se tornado, felizmente, muito comum em nossas celebrações. Sem dúvida, isso enriquece ainda mais a Liturgia da Palavra. Afinal de contas, os Salmos são poemas musicados, inspirados por Deus, para serem entoados nos ofícios divinos do templo de Jerusalém.
                        O que alguns músicos de hoje talvez não saibam é que esse canto, na Liturgia, precisa alcançar dois objetivos: reavivar o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, e estreitar laços de amor e fidelidade. Para isso, o cantor precisa estar bem preparado, tanto tecnicamente quanto espiritualmente.
                        Não é demais lembrar que na Liturgia da Palavra, Deus fala através de quem dEle se faz instrumento. Assim, cantar (ou recitar) o salmo é pouco. É preciso muito mais que isso: é proclamar, orando, de modo que atinja os corações de todos os celebrantes plena e frutuosamente.
                        É conveniente também lembrar que a melodia deve ser adequada à letra e ao tempo litúrgico. Cada salmo tem uma característica própria. Basta observarmos, na Sagrada Escritura, os títulos ao lado do número do capítulo. Por exemplo: “Canto Litúrgico de Ação de Graças”(Sl. 117) ou “Miserere” (Sl. 51). Não consigo imaginar estes salmos com a mesma melodia, pois revelam situações totalmente distintas. O primeiro é um canto de júbilo, alegria, louvor a Deus, que realiza maravilhas; precisa de uma melodia vibrante e alegre. O segundo, por sua vez, é um canto de dor pela iniquidade, súplica pelo perdão; a melodia será mais contida, com sutil crescimento no refrão, mostrando que Deus é infinitamente maior que o pecado.
                        Parece um pouco complicado, mas não é. Uma dica para se compor a melodia é rezar o salmo, relacionando-o com a leitura que o antecede. O próximo passo é se perguntar “como cantaríamos, hoje, o responsório, se vivêssemos exatamente o que a leitura descreve?”. Então, é só deixar que Deus revele a melodia que atingirá os corações de quem celebra. Tenha a certeza de que, quando você entoar o salmo, só transbordará tudo aquilo que Ele fez frutificar em seu coração...
                        Convém acrescentar, por fim, a recomendação do Guia Litúrgico Pastoral, editado pela CNBB: “Mais do que nunca, quem exerce o ministério de salmista deve obter uma formação técnica e litúrgico-musical adequada”. E enumera as principais características dessa formação:
  • Formação bíblico-litúrgica – estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação;
  • Formação espiritual – saber orar com o salmo e cantá-lo de forma orante;
  • Formação musical – saber cantar com domínio da voz, com boa dicção, afinação e entrosamento com os instrumentos que acompanham;
  • Formação prática – saber manusear o Lecionário; fazer reverência à Palavra, cuidar da postura, comunicar-se com a assembléia, usar corretamente o microfone etc.
                        Portanto, aprofundemos cada vez mais no estudo e na oração, a fim de que cantemos ao Senhor “um canto que lhe seja agradável”!

"CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO"!

            Quando se fala em “canto novo”, a primeira ideia que muitos têm é de que o ministério deve sempre buscar músicas recém-lançadas no mercado fonográfico.
            Mas não é bem isso que nos quer dizer esse versículo do salmo 95.  Sua mensagem nos conclama a cantar ao Senhor de um jeito novo, porque Ele é grande e digno de todo o louvor.
            O músico precisa sim atualizar seu repertório, seja inserindo novas composições, seja “modernizando” aquelas antigas, mas cuidando para que nem uma nem outra deixem de cumprir a função para a qual foram destinadas na celebração.
            Existem grupos que só entoam os mesmos cantos de quinze ou vinte anos atrás e do mesmo modo com que se fazia naquela época. Outros querem cantar, a cada celebração, todos os cantos do mais recente CD que adquiriram. Em ambas as situações, a participação do povo fica prejudicada. Cantar sempre os mesmos cantos pode levar a uma mesmice, causando coletivo desânimo; cantar só músicas novas gera insegurança na assembleia, que vai abandonando esta função, deixando-a apenas a cargo do grupo.
            O que fazer, então?
            Nós bem sabemos que, para se escolher o canto certo, é preciso considerar o tempo e o momento litúrgicos, assim como o tipo de assembleia.
            Ora, esta saberá cantar aquilo que lhe for ensinado, tarefa que também compete ministro de música. Para tanto, pode-se incluir um ou, no máximo, dois cantos novos por vez, ensaiando-os com o povo minutos antes da missa, incentivando sua participação, especialmente nos refrões.
            Com os cantos “antigos”, o recomendável é dar-lhe um arranjo atual, tornando-os mais interessante, cativando a atenção para sua letra, de modo que ninguém resista à vontade de querer cantá-lo.
            Neste tempo de recomeço, é oportuna uma avaliação de nosso ministério. Estamos cantando “de um jeito novo”? Nosso canto conduz as pessoas para Deus?
            Que Ele nos plenifique da Sua graça, a fim de que possamos conduzir nossas assembleias se unirem a nós, num verdadeiro canto novo.

CADA QUAL, UMA FUNÇÃO!

                            Você atua na Liturgia? Qual sua função?
                        As pessoas que se ocupam dos ministérios litúrgicos precisam trabalhar, juntas, pelo mesmo objetivo: favorecer a participação ativa, consciente e plena de todos na celebração, para dela colherem os frutos espirituais.
                        Atuar em conjunto não é impor suas próprias ideias, nem se sujeitar às imposições do outro. É muito mais que isso. Requer diálogo, partilha e, principalmente, respeito mútuo.
                        O ideal é que os membros de uma equipe de celebração estudem o tema proposto, reflitam e se reúnam, com antecedência, para prepara-la, cada um cuidando da parte que lhe compete. É assim que orienta a Instrução Geral do Missal Romano:

“(...) antes da celebração, o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o comentarista, o grupo de cantores saibam exatamente cada um qual ação lhes compete, para que nada se faça de improviso, pois a harmoniosa organização e execução dos ritos muito contribuem para dispor os fiéis à participação da ação litúrgica”. (IGMR 352)
                       
                        Se cada ministro reconhecer sua atribuição, terá consciência de que ela termina exatamente onde começa a do outro e, em consequência, saberá respeitá-lo.
                        E mais, se investir no aperfeiçoamento técnico de seu ministério e estudar os documentos da Igreja sobre liturgia, sua equipe certamente conduzirá a assembleia à ativa participação, favorecendo a edificação da Igreja em comunidades vivas e orantes.
                        Lembremo-nos, pois, de São Francisco de Assis, que, de forma simples e objetiva, nos ensina um princípio fundamental para o fiel desempenho de nossa missão: “Se você quiser servir a Deus, faça poucas coisas, mas as faça bem!”

ESCOLHA DE CANTOS PARA CELEBRAÇÕES

                     Escolher cantos para celebrações litúrgicas nem sempre é tarefa fácil. Trata-se de um assunto que ainda gera muitas dúvidas entre os ministros de música, apesar de as mais diversas publicações sobre Liturgia o abordarem. E é muito compreensível essa dificuldade, porque, com a grande propagação da música religiosa, especialmente a música católica (felizmente), há uma tendência dos agentes de música, e mesmo da assembléia, em querer executar, nas celebrações, um canto “das paradas de sucesso”, seja pelo modismo, seja pelo gosto pessoal. Nos casamentos, há uma outra agravante: os famosos temas de filmes e novelas.
                  Entretanto, convém esclarecer: existem critérios objetivos e subjetivos para incluir, nas celebrações litúrgicas, o canto mais apropriado. Cada tempo e cada momento, na Liturgia, requerem letra, melodia e ritmo próprios. Também se deve considerar que, na santa missa, há situações em que o canto acompanha o rito; noutras, o canto é o próprio rito, o que exige ainda mais cautela.
                  Tudo isso consta de documentos e estudos editados pela Igreja Católica, assim como por renomados liturgistas de nosso tempo.
                  Abordaremos, oportunamente, os tempos e momentos litúrgicos e a música para casamentos. Por ora, vamos nos ater somente a uma questão inicial: a quem compete a escolha de cantos?
                   Primeiramente, convém ressaltar que o ideal seria que toda a equipe (animador, leitores, músicos) se reunisse, num clima de fraternidade e cooperação mútuas, para preparar as celebrações de cada final de semana. Porém, o “corre-corre” dos dias atuais acaba gerando falhas na comunicação entre os participantes, ocasionando cisão das equipes e graves problemas no momento da missa.
                  Há lugares em que os grupos de música, muitas vezes não preparam, nem ensaiam nada. Preferem transferir ao sacerdote, ou mesmo a um membro da equipe de celebração a escolha de cantos. Não raras vezes, já tive notícias de que, minutos antes da celebração, foi indagado ao padre, “devo cantar esta ou aquela música no ofertório?”
                  Com todo respeito a quem tem adota essa prática, penso que isso não seja adequado. Primeiramente, porque não é obrigação do padre saber o tipo de música que o grupo e o povo saibam cantar, já que ele tem muitas outras responsabilidades. Além do mais, corre-se o risco de ele dizer, por exemplo, “não, quero que cante a música tal” e, se o grupo não conhecer o canto sugerido, haverá um clima de desconforto e insegurança mútuos. Isso sem falar que, agir dessa forma demonstra total descaso e falta de zelo pelo dom e o serviço ministerial que o Senhor Deus nos confiou.
                  Em outras situações, acontece o contrário: a equipe de música ensaia os cantos, conforme o tema do dia, e, “na hora da celebração”, o(a) coordenador(a) de liturgia quer suprimir ou acrescentar algo, de improviso, para suprir a carência do que ele devia ter preparado, e não o fez, ou para “combinar” com o que ele(a) resolveu improvisar.
                  Nem uma coisa, nem outra... Escolher os cantos da missa é tarefa que incumbe ao grupo de música, com observância do que recomenda a Igreja. É nossa obrigação, enquanto ministros de música, conhecer a liturgia, a realidade de nossa comunidade e paróquia, assim como ter um repertório que possa atender às mais diversas necessidades. Também é nossa atribuição saber classificar os cantos do CD recém-lançado, discernir se servem (ou não) para a celebração eucarística e, havendo dúvida, perguntar a um colega de ministério, ou ao responsável pela música em sua paróquia.
                  De outro lado, é certo que pode o sacerdote ou o animador (antigo comentarista) ou outra pessoa da equipe de liturgia, sugerir um ou outro canto para a celebração, principalmente em ocasiões especiais, como “Primeira Eucaristia” ou “Festa do Padroeiro”.
                   Entretanto, isso deve ocorrer com a antecedência suficiente ao preparo do grupo e não deve se tornar regra, já que alguns agentes pastorais (que sequer pertençam ao grupo de música) passam a achar que podem “impor músicas” em cada celebração, escolhendo, por fim, todo o repertório da missa.  
                  Enfim, sugestões são muito bem-vindas, mas escolher cantos para celebrações é responsabilidade dos músicos, mesmo porque são eles que saberão o tipo de música que, dentro de suas capacidades, podem oferecer à assembléia.
                  Se o canto sugerido não puder ser executado pela equipe, substitui-se por outro de seu conhecimento, sempre com letra e melodia que atendam ao objetivo da celebração.
                   Afinal, não é demais lembrar que nas celebrações litúrgicas, cada um, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” (SC 28). A nossa atribuição é ministrar a música litúrgica. Para bem desempenhá-la, portanto, ensaiemos, estudemos e, principalmente, rezemos muito...

O ENSAIO E A ASSEMBLEIA


                        “É preciso cantar músicas conhecidas do povo”.
                        Quantas vezes nós, músicos, já ouvimos esta expressão? Mas, a partir desta afirmação, surge uma inevitável pergunta: “Quais são as músicas conhecidas do povo”?
                        Ora, nosso povo é inteligente, tem ritmo, afinação e gosto musical apurado. Os cantos conhecidos são AQUELES QUE NÓS ENSINARMOS. É isso mesmo! Cabe a nós, enquanto ministros de música, ensinar nossas comunidades a cantar corretamente os cantos propícios para cada tempo e para cada momento na liturgia. Se nós não fizéssemos isso, cantaríamos, até hoje, somente músicas de vinte, trinta ou cinquenta anos atrás.
                        Você deve estar se perguntando, também: “como fazer isso”? Simplesmente, através do ENSAIO.
                        É importantíssimo que o ministério tenha seus dias definidos para se encontrar, preparar cantos novos e reestruturar a forma de entoar aqueles antigos (veja Ritmo Litúrgico, Informativo Fev/2011). Assim, bem preparado, o grupo terá segurança ao entoar o canto e, ao ensaiar com a assembleia, ela “sentirá firmeza” para aprender e acompanhar.
                        O ideal é que sejam reservados, antes da celebração, cerca de quinze a vinte minutos para ensaiar um ou dois cantos novos; não mais que isso. É preferível que se inove pouco, mas com qualidade!
                        Um integrante do ministério que tiver mais facilidade de comunicação conduz o ensaio (de preferência, um dos cantores). Não precisa gritar, pular, dançar etc. Basta saber explicar à assembleia que se trata de um uma música nova e em qual momento da celebração será entoada. Canta-se uma primeira vez, para apresentar o canto. Durante a execução, perceba se alguns já se arriscam a sussurrar com você e se estão fazendo corretamente; incentive a participação.
                        Depois de cantar uma vez, diga ao povo que cantará novamente, incentivando os que já aprenderam a cantar junto. Nessa vez, cante somente na primeira voz e, se houver refrão, repita-o duas ou três vezes, pois isso facilita muito o aprendizado. Se houver algum trecho da música que não está certo, essa é a hora para correções, mas faça isso com sutileza. Volte nessa parte e, logo após, convide o povo a repetir. Em seguida, cante todo o refrão ou estrofe em que o verso estiver inserido.
                        Ao perceber que a maioria já está cantando com segurança, afaste-se um pouco do microfone (cerca de um palmo) ou cante à meia-voz, caso não se use microfone em sua comunidade.
                        Sempre que oportuno, faça um elogio à assembleia, dizendo que percebeu que ela já é capaz de cantar sozinha. Convide-a para entoar novamente o canto. Agora, o ministro inicia a música e, no segundo verso, canta à meia-voz ou longe do microfone, deixando realçar a voz do povo, especialmente no refrão.
                        Você perceberá que em pouco tempo todos aprenderão a música nova. Quando isso acontecer, seu ministério terá no repertório muitos cantos liturgicamente belos e, principalmente, conhecidos do povo.

EUCARISTIA: “SUBLIME SACRAMENTO”

       
            A Igreja celebra, na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Nesta festa, os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo dom da Eucaristia, no qual o próprio Jesus se faz presente como alimento e remédio da nossa alma.
Origem da Festa 
            Em 1208, a freira Juliana de Mont Cornillon, que contava apenas 16 anos, teve uma visão: um brilhante disco branco, semelhante à lua cheia, tendo um dos seus lados escurecido por uma mancha. Após alguns anos de intensa oração, fora-lhe revelado que essa mancha significava a ausência, na Liturgia, de uma solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
            Antes que a monja revelasse ao mundo suas visões, foram consultados, a seu pedido, vários teólogos, entre eles o padre Jacques Pantaléon, que se mostrou entusiasmado diante das revelações. Tanto que, em 1246, na sua diocese, celebrou-se, pela primeira vez, uma festa do Corpo de Cristo.
            Décadas depois, ele veio a se tornar o Papa Urbano IV, e, em 11 de agosto de 1264 estendeu a festa anual de Corpus Christi para toda Igreja.
“Bastidores” da História
            Conta-se que após a instituir a festa, o Sumo Pontífice mandou convocar uma assembleia que reunia os mais famosos mestres de Teologia daquele tempo, entre eles, Frei Tomás e Frei Boaventura, que hoje conhecemos, respectivamente, como Santo Tomás de Aquino e São Boaventura.
            O motivo da assembleia era, para o máximo esplendor da comemoração, solicitar que cada um daqueles doutos personagens compusesse um Ofício, assim como o próprio da Missa. A melhor composição seria a escolhida para a solenidade.
            No dia da apresentação, o primeiro a expor foi Frei Tomás. Todos puderam ouvir a declamação pausada da Sequência: “Lauda Sion Salvatorem, lauda ducem et pastorem in hymnis et canticis”, que significa “Louva, Sião, o Salvador, o teu guia, o teu pastor com hinos e cânticos”. E concluiu “...tuos ibi commensales, cohoceredes et sodales, fac sanctorum civium”, que quer dizer admiti-nos no Céu, à Vossa mesa, e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a Cidade Santa”.
            Frei Boaventura, rendendo tributo à genialidade e piedade do colega, rasgou, sem vacilações, sua composição, no que foi imitado pelos demais teólogos presentes, num gesto de humildade e despretensão.
            Como o texto da sequência de Santo Tomás é até hoje entoado em nossas celebrações, não tivemos oportunidade de conhecer as demais obras compostas para a festa, por certo igualmente belas.
A Celebração
            O Concílio de Trento (1545-1563) reforçou a necessidade de exposição pública da Eucaristia, tornando obrigatória a procissão pelas ruas da cidade. Este gesto, além de manifestar publicamente a fé no Cristo Eucarístico, era uma forma de lutar contra a tese que negava sua presença real na hóstia consagrada.
            Atualmente, a Igreja conserva a festa de Corpus Christi como momento litúrgico e devocional do Povo de Deus. O Código de Direito Canônico confirma a validade das exposições públicas da Eucaristia e diz que “principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja procissão pelas vias públicas” (cân. 944).
            Tudo isso porque, sem dúvida, a Eucaristia é o maior e o mais sublime Sacramento, como diz o conhecido canto, pois se trata, verdadeiramente, do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor.

CANTO DE ENTRADA: COMEÇAR BEM É ESSENCIAL!

            A maioria dos católicos pensa que a Santa Missa inicia com a monição (comentário) inicial ou com o sinal da cruz e a saudação do sacerdote. Mas, na verdade, a celebração tem seu início mesmo é com o canto de abertura (ou canto de entrada).
            O canto de entrada é parte dos ritos iniciais da missa que têm a função de preparar os celebrantes para a escuta da Palavra e a liturgia eucarística. Sua letra deve demonstrar a alegria de sermos Igreja reunida para louvar a Deus e, sempre que possível, estar relacionada ao Evangelho do dia.
            Quanto à melodia, é bom que seja adequada ao tempo litúrgico, mas sempre capaz de despertar nas pessoas a vontade de participar daquele momento e, mais ainda, de toda a celebração. O ideal seria uma música conhecida, com refrão que todos possam cantar de cor. Isso ajuda a participação da assembleia que, enquanto canta, pode também observar a procissão de entrada.
            Não se recomenda iniciar a celebração com uma música nova, exceto se o grupo a tiver ensaiado anteriormente, pois, se a assembleia não participa do canto de entrada, ficará mais difícil motivá-la para os demais cantos. É aí que o Ministério de Música deve exercitar sua criatividade, para cantar talvez uma “música antiga”, de um jeito novo.
            A orientação litúrgica recomenda que o canto de entrada termine quando o presidente da celebração chega ao altar. Na prática, eu diria que deve terminar quando o padre estiver no altar e pronto para a saudação inicial. Não é conveniente deixar padre e assembleia esperando o fim do canto, para continuar a celebração, mas também não se deve interrompê-lo de qualquer maneira. Isso “quebra” completamente a harmonia e a espiritualidade do momento. Imagine todos cantando, por exemplo, “Deixa a luz do céu....”, e, de repente, o canto para. Estou certo de que todos, ao invés de se voltar para o altar, se voltariam para o grupo de música, tentando descobrir “o que está acontecendo de errado”.
            Por isso, ao perceber que a procissão chegou ao presbitério e o padre já está a postos, o ministro de música, se estiver cantando uma estrofe, pode concluí-la e convidar a assembleia a cantar o refrão, para terminar; se estiver no refrão, conclua-o, sem começar uma nova estrofe. Indispensável, então, ao nosso ministério, aquela conhecida “regra de ouro”: bom senso.
            Portanto, vale a pena investir no preparo de um canto de entrada motivador. Afinal, pela união de vozes, poderemos também unir os corações no encontro com o Nosso Senhor, certos de que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio deles”.

CHAMADOS A EVANGELIZAR COM ARTE

                        Deus confia a alguns a vocação especial de ser artistas e os chama a colocar seus talentos a serviço do próximo e da comunidade.
                        Quem, numa celebração, nunca se sentiu tocado por uma música, uma encenação teatral ou uma bela imagem? De fato, a arte consegue captar os vários aspectos da mensagem, transformando-os em sons, cores, formas, que atraem a atenção de quem os ouve e vê.
                        Mas essa beleza não faria nenhum sentido e não atingiria de tal modo o coração das pessoas se ela não tivesse em Deus o seu início e seu ápice. Explico melhor. Se o artífice, ao exercer seu ministério, estiver em sintonia com os desígnios do Altíssimo, a beleza de sua arte será o meio para atrair as pessoas ÀQUELE QUE É a verdadeira fonte e inspiração de todas as formas de expressão artística.
                        É por isso que a arte é um forte instrumento de evangelização, sobretudo na Liturgia. E é por isso, também, que a Igreja há muito vem fazendo um apelo aos artistas. Nosso amado Papa João Paulo II, no ano de 1999, afirmava que “(...)a beleza é a vocação a que o Criador o chamou com o dom do ‘talento artístico’(...) (Carta do  Papa João Paulo II aos Artistas, Ed. Paulinas, 1999)
                        Muito antes disso, na conclusão do Concílio Vaticano II (1965), foi dirigida aos artistas uma mensagem que continha certo teor de preocupação: “O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero(...)” (Mensagem do Concílio aos Artistas-Dez/1965).
                        Hoje, o mundo ainda continua a necessitar de homens e mulheres que receberam a tarefa de tornar visível a expressão do bem, através da arte. Talvez seja você um deles, de quem Deus aguarda a resposta ao convite que Ele incessantemente faz: “Segue-me”!