CANTOS PARA O MÊS VOCACIONAL

Para ajudar na formação de repertório nas celebrações do mês de agosto, seguem abaixo algumas sugestões:

SEU MINISTÉRIO É COMPLETO?


Muitos grupos de música são, às vezes, indagados dessa forma. Também já ouvi músicos católicos afirmarem que, para o seu grupo ser completo lhe falta mais um instrumento ou outra voz no coro etc.

Sinceramente, acho impossível responder a esta pergunta, sem antes definir: “o que é um grupo (ou ministério) completo?”. Bom, aí depende do ponto de vista de quem assim falou.

Algumas pessoas ainda têm apenas a visão quantitativa de um grupo, isto é, pensam que, quanto mais integrantes (guitarra, violão, teclados, baixo, vocais, bateria) para executar a música, melhor ela ficará.

Entretanto, não é bem assim. Pode haver grupos com muitos integrantes e sem nenhum entrosamento; outros, com apenas três ou quatro, conseguem plenamente cumprir a missão a que se destinam.

O importante mesmo é que cada músico tenha consciência de que Cristo é o centro da nossa fé e, portanto, é também o centro da nossa música. De nada adianta haver muitos instrumentos ou muitos cantores, se TODOS ELES não estão voltados para a mesma direção (o Cristo), conscientes de que nossa missão é MINISTRAR A MÚSICA, levando as pessoas a orar por meio dela. Digo “todos”, porque um “desafinado” na fé, poderá atrapalhar toda harmonia do grupo.

Além disso, a música cristã se expandiu muito e temos hoje na Igreja abertura para os mais variados estilos musicais, desde que, é claro, favoreça a participação da assembleia. Conforme o estilo adotado pelo grupo, nem sempre são necessárias tantas pessoas para ministrar música com qualidade e, principalmente, com oração. Por isso, se você é iniciante na música católica ou tem dúvidas sobre como deve ser a formação de um grupo, sugiro:


 não se preocupe com a quantidade de instrumentos ou vozes: invista no que Deus lhe confia para o exercício do ministério no momento presente;

 descubra o estilo musical de seu grupo e ensaie bastante, valorizando este estilo;

 procure aperfeiçoar-se e incentivar os demais integrantes a também se aperfeiçoarem musicalmente;

 estude liturgia, e, sobretudo...

 ...reze muito na intenção do ministério. Esteja certo de que, se permanecer no Senhor, Ele cuidará de tudo, até mesmo mostrará quando é necessário e oportuno aumentar (ou diminuir) integrantes.



Em minha experiência como ministro de música, tenho constatado que não importam quantos ou quais são os componentes do grupo. O primeiro a “participar” deve ser JESUS CRISTO. Será que não é ELE o integrante que seu ministério está procurando para ser verdadeiramente completo?...

MARIA E A MÚSICA DO SILÊNCIO

Em um programa de TV que vi recentemente dizia-se que o ministro de música precisa saber “aparecer” quando necessário para cumprir sua missão, mas também precisa saber “desaparecer”, isto é, silenciar, para se reabastecer de Deus.


Isso me fez lembrar Nossa Senhora e o quanto temos a aprender com ela. Nos Evangelhos, sua participação é quase sempre em silêncio, e chega a ser descrita como aquela que “guardava tudo em seu coração”.

Mas em Lucas 1, 46-56 nos é apresentado um dos mais lindos cantos da Sagrada Escritura, entoado, justamente, pela Virgem do Silêncio.

Talvez alguns perguntem: se ela quase não falava, como pode entoar cântico tão belo?

É exatamente aí que está a riqueza desse ensinamento. O Magnificat se baseia no cântico de Ana (ISam 2, 1-10), com alguns trechos do Antigo Testamento, dentre os quais, vários salmos.

Ora, somente um coração que silencia, que reza, que sabe ouvir, seria capaz de se desprender num canto de louvor tão expressivo e inspirado!

Também nós, para ministrar a música ou desempenhar qualquer outra função na liturgia, precisamos, continuamente, nos silenciar, ouvir a voz de Deus, estar em sintonia com Ele...

Reconheço que, nesse mundo de hoje, com tantas correrias e atropelos, nem sempre é fácil reservar tempo diário para isso, principalmente quem exerce serviço ministerial na Igreja. Corremos o risco de nos dedicar muito às “coisas de Deus” e nos esquecermos do “Deus das coisas”. Mas, se a boca fala (ou canta) daquilo que o coração está cheio, é necessário, então, nos “encher” de Deus, para depois levá-lo às pessoas.

Como? Através da leitura orante da Palavra, da participação na Santa Missa, da convivência em família, de um bom livro, de um CD com música de qualidade, da conversa madura com um amigo, enfim... Deus se nos revela, às vezes, de modos inesperados. Você certamente saberá o meio que Ele utilizará para lhe falar...

Tão importante é o silêncio que nas celebrações litúrgicas também há momentos em que ele deve (ou, pelo menos, deveria) ser respeitado, como, por exemplo, na consagração e após a comunhão. Não se tratam de vazios de tempo, mas sim espaços plenos da presença de Deus.

Peçamos a intercessão de Maria para que, seguindo seu exemplo, saibamos, no exercício do silêncio, reconhecer e cumprir a vontade de Deus, a fim de que também em nós Ele possa realizar maravilhas!

CANTAR O TEMPO PASCAL

É tempo de nos abrirmos para a vida nova que o Cristo Ressuscitado nos oferece.


Para nós, cristãos, a ressurreição de Jesus é o ponto central e mais importante de nossa fé. Tudo deve expressar a nossa alegria pela vitória de Cristo sobre a morte. Devemos sempre nos lembrar de que o Domingo da Páscoa não é o “final” da Semana Santa, mas, sobretudo, o início de um novo tempo na Igreja: o Tempo Pascal.

Por isso, o canto da Igreja nesse tempo deve ser de exultação e alegria, pois somos ressuscitados com Ele. O “Aleluia” volta a ressoar em nossos lábios e nossos corações.

Também voltamos a entoar o Hino de Louvor e a utilizar todos os instrumentos disponíveis, inclusive os de percussão, com o habitual bom senso, para que haja o equilíbrio entre vozes e base harmônica, de modo a ressaltar a alegria com que se celebra o novo tempo, iniciado na vigília pascal. Todos os dias desse período são “Dias de Páscoa” e não “dias após a Páscoa”, isto é, vivemos intensamente cada um desses dias como “o dia que o Senhor fez para nós” (Sl. 117).

Convém ressaltar que o segundo Domingo da Páscoa passou a ser denominado, desde 23/05/2000 (data de publicação do decreto de instituição, pela “Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos), como “Domingo da Misericórdia”; nesse dia, celebra-se a instituição do Sacramento da Penitência pelo próprio Jesus, em sua aparição aos apóstolos no dia de sua ressurreição (Conforme Jo 20, 19-23). Portanto, é oportuno também inserir no repertório cantos que expressem nossa alegria por ter um Deus infinitamente misericordioso.

Por fim, lembro que o Círio Pascal permanece aceso durante cinqüenta dias, sendo apagado na Festa de Pentecostes, último dia do Tempo Pascal.

Aproveite bastante este tempo para ensaiar e ensinar ao povo cantos novos, pois “as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo”.

FELIZ PÁSCOA!

CORDEIRO DE DEUS, DAI-NOS A PAZ!

Um tradicional costume em nossas liturgias é o de cantar, durante o abraço da paz, uma canção alegre e contagiante, para mostrar a caridade como fundamento da vida cristã. Esse canto tem a função de acompanhar o momento celebrativo e, por isso, não é essencial, dispensando até mesmo a participação do povo. O mais importante é mostrar a alegria de estarmos reunidos como irmãos, na casa do Pai e que, dali a poucos instantes, nos será servido “O grande banquete”: a sagrada comunhão.

O canto não deve ser muito longo. O ministro precisa estar atento para terminá-lo tão logo perceba que todos já se cumprimentaram. Isso porque quando o sacerdote inicia a fração do pão, executa-se outro canto: o Cordeiro de Deus (em latim Agnus Dei).

Muitas vezes, costumamos cantar ou recitar esta oração, sem perceber o sentido do que estamos pronunciando e o que acontece no altar. Não se trata de um momento qualquer, como se fosse uma maneira de encerrar o movimento criado durante o abraço da paz. Esta prece em forma de ladainha e de origem bíblica (Jo. 1,29), faz alusão ao Cordeiro Pascal, que se imola e que tira o pecado do mundo. O gesto de partir o pão, praticado por Jesus na última ceia, significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo.

A invocação e a súplica, podem ser repetidas tantas vezes quantas o exigir a ação que acompanham, terminando sempre com a resposta “Dai-nos a paz!”

Ao contrário do “Santo”, o Cordeiro de Deus não é necessariamente um canto do povo e pode ser entoado apenas pelo ministério de música, ou mesmo num diálogo entre este e a assembleia. Em ocasiões solenes, pode ser executado na forma original, em latim. Segundo a Instrução Geral do Missal Romano (nº 83) e o Estudo nº 79 da CNBB, quem inicia essa oração não é quem preside, mas o cantor ou o dirigente (se não for cantado):

“O sacerdote parte o pão eucarístico. O gesto da fração, praticado por Cristo na última Ceia, e que serviu para designar, nos tempos apostólicos, toda a ação eucarística, significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo (1 Cor 10, 17). A fração começa depois de se dar a paz e realiza-se com a devida reverência, mas não se deve prolongar desnecessariamente nem se lhe deve atribuir uma importância excessiva. Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.
Enquanto o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo menos recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que todo o povo responde. A invocação acompanha a fração do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos a paz”. (Instrução Geral do Missal Romano, nº 83)

A melodia precisa ser condizente com o sentido de invocação e súplica, preferencialmente mais suave, com menos instrumentos acompanhando. Já o texto, não deve ser alterado, nem sofrer acréscimos, como por exemplo “Cordeiro de Deus que morreste por causa de nós...”.

Por fim, lembro que não se recomenda cantar em ambos os momentos (o abraço da paz e o Cordeiro de Deus), exceto quando se tratar de celebrações especiais, já que a orientação litúrgica é de se dar preferência ao canto do Cordeiro. Nesse caso, o ministério pode utilizar um solo instrumental apropriado, para acompanhar o abraço da paz.

Que saibamos fazer como São João Batista, mostrando ao mundo Aquele que nos dá a salvação e a verdadeira paz: “eis o Cordeiro de Deus”!


Veja abaixo, a oração em latim:

Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis.

Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis.

Agnus Dei qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.

Que significa:

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.



SANTO, SANTO, SANTO!

O canto do “Santo” é um dos mais antigos da Santa Missa. Há registros de que já era entoado no primeiro século. Tem a função de concluir o Prefácio da Oração Eucarística, convocando a Igreja Terrestre a se unir à Igreja Celeste, num grande louvor ao Deus Uno e Trino.

Segundo a visão de Isaías (Is. 6,3-4), quando os Serafins clamavam “Santo, Santo, Santo é o Senhor todo–poderoso”, os gonzos (uma espécie de dobradiça) das portas estremeciam e o Templo se enchia da glória de Deus. Só esse breve trecho da Palavra é suficiente para mostrar a responsabilidade e o cuidado com que nós, músicos, devemos ministrar essa aclamação, de modo a motivar toda a assembleia a cantar, não só junto ao grupo de música, mas, especialmente, ao coro dos anjos e santos, que louvam o Senhor incessantemente (Ap. 4,8).

Por isso, a melodia do “Santo” precisa ser vibrante, plena, convincente de que é um momento de grande alegria na celebração. Vale investir em arranjos que favoreçam e reforcem a participação do povo, utilizando todos os instrumentos disponíveis, sempre com muita harmonia.

Já quanto à letra, não se recomenda variar. Primeiramente, porque se trata de conteúdo bíblico. Além disso, é um canto que substitui (e não apenas acompanha) o rito, isto é, tudo o que se faz nesse momento é cantar, louvando a Deus; e nada mais.

Assim, alguns conhecidos cantos devem ser evitados, seja pela letra muito alterada ou incompleta, seja pela melodia sem entusiasmo: “Santo, mil vezes Santo”, “Hosana ao Nosso Rei”, “Eu Celebrarei”, “O Senhor é Santo”, dentre outros.

Há dois cantos ainda muito utilizados, mas inadequados à liturgia: “Quando olhei o Sol brilhar, vi que o Senhor é Santo” e o conhecidíssimo “Santo é”; este último, por conter “Javé” em seu texto. Esta palavra é uma variação do tetragrama YHWH que, no Antigo Testamento, se referia à infinita grandeza e majestade de Deus. Por esse motivo, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos orienta que “nas celebrações litúrgicas, nos cantos e nas orações, não se use nem se pronuncie o nome de Deus na forma do tetragrama YHWH”.

O ideal é que o “Santo” sempre seja cantado. Alguns liturgistas chegam a afirmar que “é o grande canto da liturgia” e que “se a comunidade não cantasse senão um cântico, este deveria ser o Sanctus”.

Portanto, unamo-nos num só canto de exaltação àquele que era, que é e sempre será três vezes SANTO.