ATO PENITENCIAL: ENCONTRO COM O PAI DAS MISERICÓRDIAS!


            Há momentos na celebração em que, quando substituídos por música, não há outra coisa para se fazer, a não ser cantar e tocar. Nesses casos, o canto é, então, o próprio rito celebrado. Exemplo disso é o pedido de perdão no Ato Penitencial.
            A tradicional ladainha do Kyrie Eleison era, na Igreja primitiva, uma oração de louvor ao Cristo ressuscitado feito “Senhor”, a quem se elevava o clamor para que mostrasse sua amorosa bondade. Posteriormente (entre os séculos V e VI), este canto foi incorporado ao rito celebrativo e começou a fazer parte de um momento de reconciliação.
            Hoje, em nossas liturgias, o ato penitencial comunitário se traduz numa sincera atitude interior de toda a assembleia que reconhece, diante de Deus, sua pobreza e fraqueza, e apela para o amor misericordioso do Cristo, seu Senhor.
            Por isso, quando substituído por algum canto, este sempre precisa conter em sua letra, para atender à orientação litúrgica, a expressão “Kyrie Eleison, Christe Eleison, Kyrie Eleison, que quer dizer Senhor, tende piedade; Cristo, tende piedade; Senhor, tende piedade”, a fim de que os fiéis, após um breve momento de silêncio, possam a aclamar o Senhor e implorar sua misericórdia. 
            Além disso, o ministro de música também deve guardar um cuidado todo especial quanto à melodia. Ora, se o momento é de reflexão pessoal, dificilmente alguém conseguirá fazê-lo com uma música agitada, que convide a dançar, pular, gritar. O ideal é uma melodia calma, com poucos instrumentos, preferencialmente teclado e violão. Não convém usar instrumentos de percussão; se o fizer, que seja apenas para suave marcação de ritmo.
            Daí então, podemos afirmar que uma boa parte dos cantos executados em nossas celebrações, embora belíssimos, mostram-se inadequados para o rito penitencial, seja pela letra incompleta, seja pela melodia vibrante. Como exemplo, citamos  “Perdão, Senhor, tantos erros cometi”, “Só Tu tens o poder”, “Conheço um Coração”, “Senhor, tende piedade e perdoai a nossa culpa...”, dentre outros.
            Vale lembrar que alguns deles servem muito mais  à preparação para o exame de consciência, do que ao pedido de perdão propriamente. Entretanto, para que sejam utilizados na celebração, é necessário combinar anteriormente com o sacerdote que preside, a fim de que ele faça, ao final do canto, a invocação “Kyrie Eleison” ou “Senhor, tende piedade”, completando, assim, o pedido de perdão. 
            Que nossa música possa ajudar a fazer do ato penitencial um momento de verdadeiro encontro dos fiéis com o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos liberta de toda culpa e nos restitui a paz!