SALMO RESPONSORIAL: CANTO MEDITATIVO E ORANTE

                       Cantar o salmo responsorial tem-se tornado, felizmente, muito comum em nossas celebrações. Sem dúvida, isso enriquece ainda mais a Liturgia da Palavra. Afinal de contas, os Salmos são poemas musicados, inspirados por Deus, para serem entoados nos ofícios divinos do templo de Jerusalém.
                        O que alguns músicos de hoje talvez não saibam é que esse canto, na Liturgia, precisa alcançar dois objetivos: reavivar o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, e estreitar laços de amor e fidelidade. Para isso, o cantor precisa estar bem preparado, tanto tecnicamente quanto espiritualmente.
                        Não é demais lembrar que na Liturgia da Palavra, Deus fala através de quem dEle se faz instrumento. Assim, cantar (ou recitar) o salmo é pouco. É preciso muito mais que isso: é proclamar, orando, de modo que atinja os corações de todos os celebrantes plena e frutuosamente.
                        É conveniente também lembrar que a melodia deve ser adequada à letra e ao tempo litúrgico. Cada salmo tem uma característica própria. Basta observarmos, na Sagrada Escritura, os títulos ao lado do número do capítulo. Por exemplo: “Canto Litúrgico de Ação de Graças”(Sl. 117) ou “Miserere” (Sl. 51). Não consigo imaginar estes salmos com a mesma melodia, pois revelam situações totalmente distintas. O primeiro é um canto de júbilo, alegria, louvor a Deus, que realiza maravilhas; precisa de uma melodia vibrante e alegre. O segundo, por sua vez, é um canto de dor pela iniquidade, súplica pelo perdão; a melodia será mais contida, com sutil crescimento no refrão, mostrando que Deus é infinitamente maior que o pecado.
                        Parece um pouco complicado, mas não é. Uma dica para se compor a melodia é rezar o salmo, relacionando-o com a leitura que o antecede. O próximo passo é se perguntar “como cantaríamos, hoje, o responsório, se vivêssemos exatamente o que a leitura descreve?”. Então, é só deixar que Deus revele a melodia que atingirá os corações de quem celebra. Tenha a certeza de que, quando você entoar o salmo, só transbordará tudo aquilo que Ele fez frutificar em seu coração...
                        Convém acrescentar, por fim, a recomendação do Guia Litúrgico Pastoral, editado pela CNBB: “Mais do que nunca, quem exerce o ministério de salmista deve obter uma formação técnica e litúrgico-musical adequada”. E enumera as principais características dessa formação:
  • Formação bíblico-litúrgica – estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação;
  • Formação espiritual – saber orar com o salmo e cantá-lo de forma orante;
  • Formação musical – saber cantar com domínio da voz, com boa dicção, afinação e entrosamento com os instrumentos que acompanham;
  • Formação prática – saber manusear o Lecionário; fazer reverência à Palavra, cuidar da postura, comunicar-se com a assembléia, usar corretamente o microfone etc.
                        Portanto, aprofundemos cada vez mais no estudo e na oração, a fim de que cantemos ao Senhor “um canto que lhe seja agradável”!