ESCOLHA DE CANTOS PARA CELEBRAÇÕES

                     Escolher cantos para celebrações litúrgicas nem sempre é tarefa fácil. Trata-se de um assunto que ainda gera muitas dúvidas entre os ministros de música, apesar de as mais diversas publicações sobre Liturgia o abordarem. E é muito compreensível essa dificuldade, porque, com a grande propagação da música religiosa, especialmente a música católica (felizmente), há uma tendência dos agentes de música, e mesmo da assembléia, em querer executar, nas celebrações, um canto “das paradas de sucesso”, seja pelo modismo, seja pelo gosto pessoal. Nos casamentos, há uma outra agravante: os famosos temas de filmes e novelas.
                  Entretanto, convém esclarecer: existem critérios objetivos e subjetivos para incluir, nas celebrações litúrgicas, o canto mais apropriado. Cada tempo e cada momento, na Liturgia, requerem letra, melodia e ritmo próprios. Também se deve considerar que, na santa missa, há situações em que o canto acompanha o rito; noutras, o canto é o próprio rito, o que exige ainda mais cautela.
                  Tudo isso consta de documentos e estudos editados pela Igreja Católica, assim como por renomados liturgistas de nosso tempo.
                  Abordaremos, oportunamente, os tempos e momentos litúrgicos e a música para casamentos. Por ora, vamos nos ater somente a uma questão inicial: a quem compete a escolha de cantos?
                   Primeiramente, convém ressaltar que o ideal seria que toda a equipe (animador, leitores, músicos) se reunisse, num clima de fraternidade e cooperação mútuas, para preparar as celebrações de cada final de semana. Porém, o “corre-corre” dos dias atuais acaba gerando falhas na comunicação entre os participantes, ocasionando cisão das equipes e graves problemas no momento da missa.
                  Há lugares em que os grupos de música, muitas vezes não preparam, nem ensaiam nada. Preferem transferir ao sacerdote, ou mesmo a um membro da equipe de celebração a escolha de cantos. Não raras vezes, já tive notícias de que, minutos antes da celebração, foi indagado ao padre, “devo cantar esta ou aquela música no ofertório?”
                  Com todo respeito a quem tem adota essa prática, penso que isso não seja adequado. Primeiramente, porque não é obrigação do padre saber o tipo de música que o grupo e o povo saibam cantar, já que ele tem muitas outras responsabilidades. Além do mais, corre-se o risco de ele dizer, por exemplo, “não, quero que cante a música tal” e, se o grupo não conhecer o canto sugerido, haverá um clima de desconforto e insegurança mútuos. Isso sem falar que, agir dessa forma demonstra total descaso e falta de zelo pelo dom e o serviço ministerial que o Senhor Deus nos confiou.
                  Em outras situações, acontece o contrário: a equipe de música ensaia os cantos, conforme o tema do dia, e, “na hora da celebração”, o(a) coordenador(a) de liturgia quer suprimir ou acrescentar algo, de improviso, para suprir a carência do que ele devia ter preparado, e não o fez, ou para “combinar” com o que ele(a) resolveu improvisar.
                  Nem uma coisa, nem outra... Escolher os cantos da missa é tarefa que incumbe ao grupo de música, com observância do que recomenda a Igreja. É nossa obrigação, enquanto ministros de música, conhecer a liturgia, a realidade de nossa comunidade e paróquia, assim como ter um repertório que possa atender às mais diversas necessidades. Também é nossa atribuição saber classificar os cantos do CD recém-lançado, discernir se servem (ou não) para a celebração eucarística e, havendo dúvida, perguntar a um colega de ministério, ou ao responsável pela música em sua paróquia.
                  De outro lado, é certo que pode o sacerdote ou o animador (antigo comentarista) ou outra pessoa da equipe de liturgia, sugerir um ou outro canto para a celebração, principalmente em ocasiões especiais, como “Primeira Eucaristia” ou “Festa do Padroeiro”.
                   Entretanto, isso deve ocorrer com a antecedência suficiente ao preparo do grupo e não deve se tornar regra, já que alguns agentes pastorais (que sequer pertençam ao grupo de música) passam a achar que podem “impor músicas” em cada celebração, escolhendo, por fim, todo o repertório da missa.  
                  Enfim, sugestões são muito bem-vindas, mas escolher cantos para celebrações é responsabilidade dos músicos, mesmo porque são eles que saberão o tipo de música que, dentro de suas capacidades, podem oferecer à assembléia.
                  Se o canto sugerido não puder ser executado pela equipe, substitui-se por outro de seu conhecimento, sempre com letra e melodia que atendam ao objetivo da celebração.
                   Afinal, não é demais lembrar que nas celebrações litúrgicas, cada um, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” (SC 28). A nossa atribuição é ministrar a música litúrgica. Para bem desempenhá-la, portanto, ensaiemos, estudemos e, principalmente, rezemos muito...