EUCARISTIA: “SUBLIME SACRAMENTO”

       
            A Igreja celebra, na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Nesta festa, os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo dom da Eucaristia, no qual o próprio Jesus se faz presente como alimento e remédio da nossa alma.
Origem da Festa 
            Em 1208, a freira Juliana de Mont Cornillon, que contava apenas 16 anos, teve uma visão: um brilhante disco branco, semelhante à lua cheia, tendo um dos seus lados escurecido por uma mancha. Após alguns anos de intensa oração, fora-lhe revelado que essa mancha significava a ausência, na Liturgia, de uma solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
            Antes que a monja revelasse ao mundo suas visões, foram consultados, a seu pedido, vários teólogos, entre eles o padre Jacques Pantaléon, que se mostrou entusiasmado diante das revelações. Tanto que, em 1246, na sua diocese, celebrou-se, pela primeira vez, uma festa do Corpo de Cristo.
            Décadas depois, ele veio a se tornar o Papa Urbano IV, e, em 11 de agosto de 1264 estendeu a festa anual de Corpus Christi para toda Igreja.
“Bastidores” da História
            Conta-se que após a instituir a festa, o Sumo Pontífice mandou convocar uma assembleia que reunia os mais famosos mestres de Teologia daquele tempo, entre eles, Frei Tomás e Frei Boaventura, que hoje conhecemos, respectivamente, como Santo Tomás de Aquino e São Boaventura.
            O motivo da assembleia era, para o máximo esplendor da comemoração, solicitar que cada um daqueles doutos personagens compusesse um Ofício, assim como o próprio da Missa. A melhor composição seria a escolhida para a solenidade.
            No dia da apresentação, o primeiro a expor foi Frei Tomás. Todos puderam ouvir a declamação pausada da Sequência: “Lauda Sion Salvatorem, lauda ducem et pastorem in hymnis et canticis”, que significa “Louva, Sião, o Salvador, o teu guia, o teu pastor com hinos e cânticos”. E concluiu “...tuos ibi commensales, cohoceredes et sodales, fac sanctorum civium”, que quer dizer admiti-nos no Céu, à Vossa mesa, e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a Cidade Santa”.
            Frei Boaventura, rendendo tributo à genialidade e piedade do colega, rasgou, sem vacilações, sua composição, no que foi imitado pelos demais teólogos presentes, num gesto de humildade e despretensão.
            Como o texto da sequência de Santo Tomás é até hoje entoado em nossas celebrações, não tivemos oportunidade de conhecer as demais obras compostas para a festa, por certo igualmente belas.
A Celebração
            O Concílio de Trento (1545-1563) reforçou a necessidade de exposição pública da Eucaristia, tornando obrigatória a procissão pelas ruas da cidade. Este gesto, além de manifestar publicamente a fé no Cristo Eucarístico, era uma forma de lutar contra a tese que negava sua presença real na hóstia consagrada.
            Atualmente, a Igreja conserva a festa de Corpus Christi como momento litúrgico e devocional do Povo de Deus. O Código de Direito Canônico confirma a validade das exposições públicas da Eucaristia e diz que “principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja procissão pelas vias públicas” (cân. 944).
            Tudo isso porque, sem dúvida, a Eucaristia é o maior e o mais sublime Sacramento, como diz o conhecido canto, pois se trata, verdadeiramente, do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor.