CORDEIRO DE DEUS, DAI-NOS A PAZ!

Um tradicional costume em nossas liturgias é o de cantar, durante o abraço da paz, uma canção alegre e contagiante, para mostrar a caridade como fundamento da vida cristã. Esse canto tem a função de acompanhar o momento celebrativo e, por isso, não é essencial, dispensando até mesmo a participação do povo. O mais importante é mostrar a alegria de estarmos reunidos como irmãos, na casa do Pai e que, dali a poucos instantes, nos será servido “O grande banquete”: a sagrada comunhão.

O canto não deve ser muito longo. O ministro precisa estar atento para terminá-lo tão logo perceba que todos já se cumprimentaram. Isso porque quando o sacerdote inicia a fração do pão, executa-se outro canto: o Cordeiro de Deus (em latim Agnus Dei).

Muitas vezes, costumamos cantar ou recitar esta oração, sem perceber o sentido do que estamos pronunciando e o que acontece no altar. Não se trata de um momento qualquer, como se fosse uma maneira de encerrar o movimento criado durante o abraço da paz. Esta prece em forma de ladainha e de origem bíblica (Jo. 1,29), faz alusão ao Cordeiro Pascal, que se imola e que tira o pecado do mundo. O gesto de partir o pão, praticado por Jesus na última ceia, significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo.

A invocação e a súplica, podem ser repetidas tantas vezes quantas o exigir a ação que acompanham, terminando sempre com a resposta “Dai-nos a paz!”

Ao contrário do “Santo”, o Cordeiro de Deus não é necessariamente um canto do povo e pode ser entoado apenas pelo ministério de música, ou mesmo num diálogo entre este e a assembleia. Em ocasiões solenes, pode ser executado na forma original, em latim. Segundo a Instrução Geral do Missal Romano (nº 83) e o Estudo nº 79 da CNBB, quem inicia essa oração não é quem preside, mas o cantor ou o dirigente (se não for cantado):

“O sacerdote parte o pão eucarístico. O gesto da fração, praticado por Cristo na última Ceia, e que serviu para designar, nos tempos apostólicos, toda a ação eucarística, significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo (1 Cor 10, 17). A fração começa depois de se dar a paz e realiza-se com a devida reverência, mas não se deve prolongar desnecessariamente nem se lhe deve atribuir uma importância excessiva. Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.
Enquanto o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo menos recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que todo o povo responde. A invocação acompanha a fração do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos a paz”. (Instrução Geral do Missal Romano, nº 83)

A melodia precisa ser condizente com o sentido de invocação e súplica, preferencialmente mais suave, com menos instrumentos acompanhando. Já o texto, não deve ser alterado, nem sofrer acréscimos, como por exemplo “Cordeiro de Deus que morreste por causa de nós...”.

Por fim, lembro que não se recomenda cantar em ambos os momentos (o abraço da paz e o Cordeiro de Deus), exceto quando se tratar de celebrações especiais, já que a orientação litúrgica é de se dar preferência ao canto do Cordeiro. Nesse caso, o ministério pode utilizar um solo instrumental apropriado, para acompanhar o abraço da paz.

Que saibamos fazer como São João Batista, mostrando ao mundo Aquele que nos dá a salvação e a verdadeira paz: “eis o Cordeiro de Deus”!


Veja abaixo, a oração em latim:

Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis.

Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis.

Agnus Dei qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.

Que significa:

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.