SANTO, SANTO, SANTO!

O canto do “Santo” é um dos mais antigos da Santa Missa. Há registros de que já era entoado no primeiro século. Tem a função de concluir o Prefácio da Oração Eucarística, convocando a Igreja Terrestre a se unir à Igreja Celeste, num grande louvor ao Deus Uno e Trino.

Segundo a visão de Isaías (Is. 6,3-4), quando os Serafins clamavam “Santo, Santo, Santo é o Senhor todo–poderoso”, os gonzos (uma espécie de dobradiça) das portas estremeciam e o Templo se enchia da glória de Deus. Só esse breve trecho da Palavra é suficiente para mostrar a responsabilidade e o cuidado com que nós, músicos, devemos ministrar essa aclamação, de modo a motivar toda a assembleia a cantar, não só junto ao grupo de música, mas, especialmente, ao coro dos anjos e santos, que louvam o Senhor incessantemente (Ap. 4,8).

Por isso, a melodia do “Santo” precisa ser vibrante, plena, convincente de que é um momento de grande alegria na celebração. Vale investir em arranjos que favoreçam e reforcem a participação do povo, utilizando todos os instrumentos disponíveis, sempre com muita harmonia.

Já quanto à letra, não se recomenda variar. Primeiramente, porque se trata de conteúdo bíblico. Além disso, é um canto que substitui (e não apenas acompanha) o rito, isto é, tudo o que se faz nesse momento é cantar, louvando a Deus; e nada mais.

Assim, alguns conhecidos cantos devem ser evitados, seja pela letra muito alterada ou incompleta, seja pela melodia sem entusiasmo: “Santo, mil vezes Santo”, “Hosana ao Nosso Rei”, “Eu Celebrarei”, “O Senhor é Santo”, dentre outros.

Há dois cantos ainda muito utilizados, mas inadequados à liturgia: “Quando olhei o Sol brilhar, vi que o Senhor é Santo” e o conhecidíssimo “Santo é”; este último, por conter “Javé” em seu texto. Esta palavra é uma variação do tetragrama YHWH que, no Antigo Testamento, se referia à infinita grandeza e majestade de Deus. Por esse motivo, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos orienta que “nas celebrações litúrgicas, nos cantos e nas orações, não se use nem se pronuncie o nome de Deus na forma do tetragrama YHWH”.

O ideal é que o “Santo” sempre seja cantado. Alguns liturgistas chegam a afirmar que “é o grande canto da liturgia” e que “se a comunidade não cantasse senão um cântico, este deveria ser o Sanctus”.

Portanto, unamo-nos num só canto de exaltação àquele que era, que é e sempre será três vezes SANTO.