MARIA E A MÚSICA DO SILÊNCIO

Em um programa de TV que vi recentemente dizia-se que o ministro de música precisa saber “aparecer” quando necessário para cumprir sua missão, mas também precisa saber “desaparecer”, isto é, silenciar, para se reabastecer de Deus.


Isso me fez lembrar Nossa Senhora e o quanto temos a aprender com ela. Nos Evangelhos, sua participação é quase sempre em silêncio, e chega a ser descrita como aquela que “guardava tudo em seu coração”.

Mas em Lucas 1, 46-56 nos é apresentado um dos mais lindos cantos da Sagrada Escritura, entoado, justamente, pela Virgem do Silêncio.

Talvez alguns perguntem: se ela quase não falava, como pode entoar cântico tão belo?

É exatamente aí que está a riqueza desse ensinamento. O Magnificat se baseia no cântico de Ana (ISam 2, 1-10), com alguns trechos do Antigo Testamento, dentre os quais, vários salmos.

Ora, somente um coração que silencia, que reza, que sabe ouvir, seria capaz de se desprender num canto de louvor tão expressivo e inspirado!

Também nós, para ministrar a música ou desempenhar qualquer outra função na liturgia, precisamos, continuamente, nos silenciar, ouvir a voz de Deus, estar em sintonia com Ele...

Reconheço que, nesse mundo de hoje, com tantas correrias e atropelos, nem sempre é fácil reservar tempo diário para isso, principalmente quem exerce serviço ministerial na Igreja. Corremos o risco de nos dedicar muito às “coisas de Deus” e nos esquecermos do “Deus das coisas”. Mas, se a boca fala (ou canta) daquilo que o coração está cheio, é necessário, então, nos “encher” de Deus, para depois levá-lo às pessoas.

Como? Através da leitura orante da Palavra, da participação na Santa Missa, da convivência em família, de um bom livro, de um CD com música de qualidade, da conversa madura com um amigo, enfim... Deus se nos revela, às vezes, de modos inesperados. Você certamente saberá o meio que Ele utilizará para lhe falar...

Tão importante é o silêncio que nas celebrações litúrgicas também há momentos em que ele deve (ou, pelo menos, deveria) ser respeitado, como, por exemplo, na consagração e após a comunhão. Não se tratam de vazios de tempo, mas sim espaços plenos da presença de Deus.

Peçamos a intercessão de Maria para que, seguindo seu exemplo, saibamos, no exercício do silêncio, reconhecer e cumprir a vontade de Deus, a fim de que também em nós Ele possa realizar maravilhas!

CANTAR O TEMPO PASCAL

É tempo de nos abrirmos para a vida nova que o Cristo Ressuscitado nos oferece.


Para nós, cristãos, a ressurreição de Jesus é o ponto central e mais importante de nossa fé. Tudo deve expressar a nossa alegria pela vitória de Cristo sobre a morte. Devemos sempre nos lembrar de que o Domingo da Páscoa não é o “final” da Semana Santa, mas, sobretudo, o início de um novo tempo na Igreja: o Tempo Pascal.

Por isso, o canto da Igreja nesse tempo deve ser de exultação e alegria, pois somos ressuscitados com Ele. O “Aleluia” volta a ressoar em nossos lábios e nossos corações.

Também voltamos a entoar o Hino de Louvor e a utilizar todos os instrumentos disponíveis, inclusive os de percussão, com o habitual bom senso, para que haja o equilíbrio entre vozes e base harmônica, de modo a ressaltar a alegria com que se celebra o novo tempo, iniciado na vigília pascal. Todos os dias desse período são “Dias de Páscoa” e não “dias após a Páscoa”, isto é, vivemos intensamente cada um desses dias como “o dia que o Senhor fez para nós” (Sl. 117).

Convém ressaltar que o segundo Domingo da Páscoa passou a ser denominado, desde 23/05/2000 (data de publicação do decreto de instituição, pela “Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos), como “Domingo da Misericórdia”; nesse dia, celebra-se a instituição do Sacramento da Penitência pelo próprio Jesus, em sua aparição aos apóstolos no dia de sua ressurreição (Conforme Jo 20, 19-23). Portanto, é oportuno também inserir no repertório cantos que expressem nossa alegria por ter um Deus infinitamente misericordioso.

Por fim, lembro que o Círio Pascal permanece aceso durante cinqüenta dias, sendo apagado na Festa de Pentecostes, último dia do Tempo Pascal.

Aproveite bastante este tempo para ensaiar e ensinar ao povo cantos novos, pois “as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo”.

FELIZ PÁSCOA!